Ruy Del Gaiso explica o papel do investidor ativista na recuperação de empresas
Em meio à turbulência econômica, investidores ativistas emergem como agentes de mudança em empresas em crise. Conhecidos por sua abordagem proativa e intervencionista, esses investidores, que adquirem participação relevante em empresas com o objetivo de influenciar suas decisões e estratégias, buscam impulsionar melhorias na gestão e no desempenho, visando à recuperação e à geração de valor a longo prazo.
“O investidor ativista desempenha um papel fundamental na recuperação de empresas em crise”, afirma Ruy Del Gaiso, sócio da R2C Investimentos. “Sua atuação pode ser o catalisador para a implementação de mudanças estratégicas e a retomada do crescimento.” Segundo Del Gaiso, o investidor ativista atua como um agente catalisador, impulsionando a empresa a tomar medidas que, muitas vezes, a gestão anterior relutava em implementar.
Estratégias para a virada
As estratégias utilizadas por investidores ativistas são diversas e podem incluir:
- Mudanças na gestão: Substituição de executivos, reestruturação do conselho de administração e implementação de novas práticas de governança.
- Revisão da estratégia: Revisão do modelo de negócios, reestruturação de dívidas, venda de ativos não estratégicos e busca por novas oportunidades de mercado.
- Melhoria da comunicação: Aumento da transparência com os investidores, comunicação clara sobre os desafios e as medidas adotadas para superá-los.
Del Gaiso ressalta a importância da experiência e do conhecimento do investidor ativista para o sucesso da reestruturação: “É fundamental que o investidor ativista tenha um profundo conhecimento do setor em que a empresa atua e das melhores práticas de gestão. Além disso, é preciso ter uma visão estratégica de longo prazo e capacidade de diálogo com os demais stakeholders da empresa.”
Exemplos de sucesso
Diversos casos de sucesso demonstram o impacto positivo da atuação de investidores ativistas em empresas em crise. Um exemplo emblemático é o da companhia aérea Gol, que, após a entrada de um investidor ativista, implementou um plano de reestruturação que resultou em redução de custos, melhoria da eficiência operacional e retomada da lucratividade.
O investidor ativista e a Lei de Recuperação Judicial
A Lei de Recuperação Judicial e Falências (Lei nº 11.101/2005) oferece mecanismos para a participação de investidores ativistas no processo de recuperação judicial, como a possibilidade de apresentar planos alternativos de recuperação e de participar das assembleias de credores.
Ruy Del Gaiso destaca a importância da nova Lei nº 14.112/2020: “As alterações na Lei de Recuperação Judicial fortaleceram o papel do investidor ativista, oferecendo mais ferramentas para sua atuação e contribuindo para a recuperação de empresas em crise.” A nova lei, por exemplo, permite que os credores apresentem um plano alternativo de recuperação caso a proposta da empresa seja rejeitada, o que aumenta a participação dos investidores ativistas no processo.
Desafios e críticas
Apesar dos casos de sucesso, a atuação de investidores ativistas também enfrenta críticas. Alguns argumentam que a busca por resultados de curto prazo pode prejudicar a sustentabilidade da empresa a longo prazo. No entanto, a experiência tem demonstrado que, quando bem-sucedida, a atuação do investidor ativista pode gerar valor para todos os stakeholders, incluindo acionistas, credores e funcionários.
Em suma, o investidor ativista desempenha um papel cada vez mais relevante na recuperação de empresas em crise. Sua atuação, pautada pela busca por resultados e pela implementação de mudanças estratégicas, pode ser o diferencial entre o sucesso e o fracasso de uma empresa em dificuldades.